segunda-feira, outubro 25, 2010


Tudo que fiz com ele ...

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O despertador berra . Cubro a cabeça com o travesseiro, demoro a levantar. Escovo os dentes, tomo café, troco de roupa, pego minhas coisas e vou pra escola. O dia parece nublado, vou andando escutando rádio, começa tocar a música Lucky, a minha favorita, apesar de não me trazer boas lembranças, pelo menos ainda não o esqueci. Continuo andando, pessoas me olham na rua como se estivesse fazendo algo errado, simplesmente as ignoro, a música está no final, ouço com um prazer como se nunca mais fosse ouvir, chego na escola .

Cumprimento algumas pessoas, logo vem minhas amigas conversar comigo. '’Oi Vanessa como você está? ‘ respondo e continuamos andando em direção a sala, chego, dou uma olhada - aluno novo na sala . Ele estava sentado na última carteira, parecia tímido, recatado, sensível, e bem charmoso; com uma beleza escondida por aquelas roupas velhas, surradas. Ele olhou para mim bem rápido, abaixou a cabeça e ficou escutando música no seu IPod. Parecia triste, mas não dei a mínima importância. Eu era ignorante, ríspida, pois todos me saudavam. Foi como ver um mendigo na rua e passar por cima dele como se não tivesse ninguém.

A minha vida era assim, eu era o centro das atenções, rica, popular, tinha uma banda, escolhia os meninos que ia namorar, era desejada por todos. Mas no fundo dessa víbora, havia uma menininha que queria curtir a vida, sem medo, sem que as pessoas a chamassem de esquisita, sem perder a classe , dentro dessa víbora , havia uma menina medrosa , que tem desejos ,sonhos e que se apaixona .

Eu era assim, até eu me esbarrar com ele no intervalo. Estava lá conversando com o pessoal, contando da minha viagem pro Canadá nas férias. Quando veio ele todo desajeitado segurando uma bandeja, sobre ela tinha um suco e um salgado, foi quando tropeçou e caiu perto de mim, me molhando toda; fiquei estressada, estava melada, ensopada. Ele pediu desculpas tentou se explicar, mas eu não o deixei falar, fui super grossa. Sai andando até banheiro , e logo vieram as minhas amigas - ou devo chama-las chamá-las de puxa saco?

Fui embora, pois do nada, comecei a ficar tonta. Fiquei deitada o dia inteiro, pensando naquele menino, que para mim era um estranho. Minha mãe me levou ao médico, afinal aquela não tinha sido a primeira vez que eu ficava tonta. O médico pediu alguns exames. E no dia seguinte fui levá-los. Ele pediu para eu me retirar da sala. Chamou minha mãe, ela entrou. Esperei muito tempo lá fora, fiquei lendo revistas velhas. Ela saiu chorando. Logo o médico me chamou, entrei com medo, com um certo receio do que estava acontecendo .Ele começou a ler os exames, mas eu não estava entendendo nada, até que ele ficou sério e ‘’ traduziu ‘’ o que dizia toda aquelas papeladas .

Justou eu, a linda, poderosa, mais desejada e invejada por todas, estava com uma doença gravíssima, eles nem sabiam direito o que era, a única coisa que sabiam era que tinha apenas mais um ano de vida. Sai do médico transtornada. Fiquei dias trancados no quarto, no escuro, pensando na vida. E vi como eu era ruim, quanta coisa ruim eu fiz para os outros: sabotei trabalhos, roubei namorado das minhas amigas... coisas que ninguém aprovava, mas que ue tinha feito.


(continua...)

- Caroline Gabriela e Fernanda Felício 

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