terça-feira, outubro 26, 2010


Tudo que fiz com ele ... (parte 2)

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Queria mudar, me tornar uma pessoa da qual todos gostassem e admirassem, não pelo que eu tenho, mas pelo que eu sou. Mas essa era a parte mais difícil, afinal eu iria perder vários amigos – ou inimigos melhor dizendo – mas essas eram as pessoas com as quais sempre convivi, e as únicas que sempre – fingiam - me entender.

Mas mesmo assim, era precisava mudar, e não restava muito tempo para fazer isso. E de uma maneira estranha a primeira que veio na minha cabeça quando eu pensei em mudar, foi aquele menino, o novo aluno. Não entendi o porquê disso, mas resolvi que a primeira coisa que eu deveria fazer era tentar me socializar com aquele garoto.

E foi justamente isso que eu fiz no dia seguinte, 'Oi' eu disse imaginando se ele ia me tratar como todos os outros, me idolatrando. ' Olá, me desculpe por aquele dia' disse ele indireferente, o que me surpreendeu afinal ninguém me tratava assim. 'Não tudo bem, eu já até esqueci' ele balançou a cabeça e saiu andando, eu fiquei extremamente irritada, ninguém me tratava assim, decidi ir para a sala. Não conversei com ninguém nesse dia, não conseguia tirar a imagem do menino que tanto me desprezara da cabeça.

Chegar em casa, joguei a mochila em um canto, a empregada arruma, e deitei na cama para pensar no que eu faria nesse meu último ano, era tão estranho ter que pensar assim. Mais um dia de aula, mais um dia com as mesmas coisas, pensei em falar com o garoto, mas eu era muito orgulhosa para fazer isso. Uma duas semanas, nada de diferente, a não ser o fato de eu ter cada vez menos tempo de vida.

Umas três semanas depois o garoto veio falar comigo, ele se chamava Miguel, começamos a conversar, bom não a conversar realmente a gente mais brigava do que qualquer coisa, mas mesmo assim era bom, de uma maneira estranha era bom te-lo por perto. Com o tempo as brigas pararam um pouco, e eu fui descobrindo como ele era; o porquê da expressão triste, e também descobri que ele morava em um bairro de classe média baixa, e que tinha ganhado uma bolsa lá no meu colégio.

Aos poucos fui criando uma certa simpatia por aquele garoto, conhecer uma pessoa de um mundo tão diferente do que eu vivia estava sendo muito bom pra mim, estava me ajudando a dar valor em certas coisas, mas eu ainda não tinha mudado as minhas atitudes, só estava percebendo coisas que antes não me importavam.

Mais semanas passaram e eu estava começando a criar uma solidariedade com aquele garoto, uma coisa que eu nunca havia sentido por ninguém, era um sentimento muito estranho, mas querendo ou não eu o estava sentindo. Com o tempo, nos tornamos amigos, e foi aí que eu percebi que aqueles que eu chamava de 'amigos' eram nada menos do que pessoas que só ligavam para a minha fama. 'Ah não Vanessa, você está andando com aquele menino pobre?' 'Eu não acredito que você é amiga dele!' essas foram só algumas das coisas que eu tive que escutar, eu só virava a cabeça e saia andando. Não parei de andar com aquele garoto só por causa do que as pessoas diziam afinal eu queria mudar, e o Miguel era a pessoa que mais estava me ajudando a fazer isso.


(continua....)

- Caroline Gabriela e Fernanda Felício

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