terça-feira, outubro 26, 2010


Tudo que fiz com ele ... (última parte)

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Ele me escutava, quando eu queria desabar, me mostrava que dinheiro e fama não eram as coisas mais importantes na vida, e que a gente podia muito bem ser feliz com pouco, eu não concordava com isso, e nem tinha mudado nada na minha vida com relação a isso, mas o escutava falar, isso em fazia bem.

Quando eu iria imaginar que o garoto pobre, que vestia roupas gastas, poderia se tornar um grande amigo meu? Pois é, nunca, mas às vezes a vida prega peças na gente. Cinco meses se passaram, era dia de ir ao médico, eu ia todo mês, mas hoje era mais importante afinal eu tinha feito exames mais especializados, o médico olha para os exames e faz uma cara de ‘ você vai morrer semana que vem’ dá uma olhada para mim, depois para minha mãe, e resolve que dessa vez é melhor falar comigo na sala.

‘ Bom, a doença da sua filha está mais grave, e ela tem no máximo um mês de vida’ um mês... só mais um mês.. e eu achava que ainda tinha seis meses... confusão, desespero, medo, eu senti tudo isso ao mesmo tempo, era uma sensação horrível.

Passei o dia seguinte todo na cama, pensando, e decidi que eu ria fazer nesse mês todas as maluquices que eu sempre quis fazer; mas que eu não iria contar nada sobre a minha doença para nenhum dos meus amigos. E naquele mês eu fiz tudo que queria fazer, saltei de pára-quedas, tomei um porre daqueles, fiquei só por ficar – coisa que eu não fazia -, comecei a surfar, fiz loucuras- não coisas erradas - mas coisas, que uma garota como eu nunca iria fazer. Esse foi o melhor mês da minha vida, não sei se foi porque era tudo que eu queria fazer ou se foi por causa da companhia que eu tive durante todas as minhas ‘aventuras’, porque o Miguel me ajudou a fazer tudo que eu queria fazer, mesmo não entendo o porquê de tudo isso.

No dia depois de eu ter feito a minha última loucura eu faleci, toda a minha família sabia que isso iria acontecer, mas mesmo assim foi um tremendo choque, um lindo enterro, toda minha família presente, mas só um amigo, sim, ele mesmo, o meu amigo pobre, triste, de olhar charmoso, e que tinha um lindo sorriso- que hoje estava escondido por inúmeras lágrimas- ele era uma das pessoas que mais chorava, eu nunca tinha visto nenhum amigo sofrer tanto por mim.

E foi aí que eu percebi que ele tinha sido mais que um amigo, ele tinha sido um anjo, que apareceu no momento que eu mais precisava, para me ajudar. Obrigada Miguel, por me fazer mudar, obrigada por gostar de mim pelo que eu fui e não pelo que eu tinha, obrigada por ter sido meu único amigo.


- Caroline Gabriela e Fernanda Felício

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